Nova manhã de segunda; definitivamente se inicia mais uma semana.
Não posso dizer que tive uma boa noite de sono, tampouco que ela me deixou irritada ou que levantei cansada. Nas horas que passei meio desperta pela madrugada pude pensar em mim, confesso que meus pensamentos estavam muito confusos e não me lembro com clareza nem a metade deles.
Diferente da maioria dos outros dias me alegrei ao ouvir meu despertador; levantei; me arrumei e... BOM DIA!!!!!!
O ônibus lotado não me indispôs, assim como ver o Sol se levantando não me desalegrou... No breve trajeto que percorro a pé até meu trabalho pude parar e reparar na cidade despertando, e não pude negar, não pude resistir ao encanto de "mais um dia". Longe da loucura entre gritos e corre corre do horário comercial até mesmo as pombas e calçadas quebradas ganham um 'ar mágico', belo.
Talvez a única coisa que nos falte para sermos nós, para sermos felizes é o silêncio; somente nele há todas as respostas, o autoconhecimento.
Uma pausa em meio ao tumulto, nos revela coisas surpreendentes, mesmo que rotineiras.
É um erro dizer 'não tenho tempo', assim como é um erro afirmar: 'quando der farei.....'
Talvez eu nunca cresça, e sou feliz por isso; feliz por poder me surpreender, por poder enxergar os sonhos e realizações em cada nova manhã.
Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pelos do coelho. Por isso elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem. Mas conforme vão envelhecendo, elas vão se arrastando cada vez mais para o interior da pelagem do coelho. E ficam por lá. Lá embaixo é tão confortável que elas não ousam mais subir até a ponta dos finos pelos, lá em cima. Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência. Alguns deles não chegam a concluí-la, mas outros se agarram com força aos pelos do coelho e berram para as pessoas que estão lá embaixo, no conforto da pelagem, enchendo a barriga de comida e bebida:
— Senhoras e senhores — gritam eles —, estamos flutuando no espaço!
Mas nenhuma das pessoas lá de baixo se interessa pela gritaria dos filósofos.— Deus do céu! Que caras mais barulhentos! — elas dizem.E continuam a conversar: será que você poderia me passar a manteiga? Qual a cotação das ações hoje? Qual o preço do tomate? Você ouviu dizer que a Lady Di está grávida de novo?
O Mundo de Sofia - GAARDER, Jostein
Adorei o seu texto! Assim como a junção do que penso ser um excerto de «O Mundo de Sofia» de Jostein Gaarder.
ResponderExcluirMuito bom!
Beijinho
Muito obrigada Henrique.
ExcluirAcabei de perceber que esqueci de identificar a citação.
Beijos.